Abril Marrom
Dengue é uma das doenças que pode afetar a visão dos recém-nascidos
Veja precauções que são necessárias
24/04/2024 16:47 -
Dengue é uma das doenças que pode afetar a visão dos recém-nascidos. Foto: Ascom Fundahc.
Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti têm potencial para prejudicar a visão dos recém-nascidos. O alerta foi emitido pela oftalmologista Bruna Yana de Carvalho Lin, do Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), nesta quarta-feira (24), durante o Abril Marrom, período dedicado à conscientização e prevenção da cegueira. A médica também destacou a relevância de realizar o teste do Olhinho.
Durante a gestação e os primeiros meses de vida do bebê, é importante adotar o uso de repelentes como parte dos cuidados para garantir sua saúde ocular. “A gestação é um período crucial para prevenir problemas oculares no bebê. Por isso, além de fazer a suplementação com ácido fólico e ingerir alimentos ricos em vitamina A, a mãe deve tomar vários outros cuidados, e um deles é o uso de repelentes adequados para prevenir doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, chikungunya e zika vírus, que podem afetar não só a visão, mas todo o desenvolvimento do bebê,” alerta a oftamologista.
A médica também aconselha que as gestantes evitem consumir alimentos que possam estar contaminados com o ovo da toxoplasmose, como frutas e verduras não lavadas adequadamente, e carne mal passada. “Esse cuidado deve ser tomado principalmente por aquelas mães que são toxicossuscetíveis, ou seja, gestantes que são imunes à toxoplasmose, e isso é identificado durante os exames do pré-natal”, explica Bruna Yana de Carvalho Lin.
Teste do Olhinho
Bruna explica que o Teste do Olhinho, realizado logo após o nascimento da criança, é essencial e obrigatório, sendo uma etapa fundamental para a detecção precoce de problemas oculares. “O teste deve ser feito ainda na maternidade, nas primeiras 72h de vida, e consiste na avaliação do reflexo vermelho, que pode indicar alguma doença ocular, e isso tem que ser investigado pelo oftalmologista. É rápido, indolor e não invasivo", explica.
Segundo a médica, durante o teste, é possível identificar qualquer doença que possa obstruir o eixo visual. “Geralmente, visualiza-se uma leucocoria, ou assimetria do reflexo vermelho. As doenças mais facilmente observadas são catarata congênita, retinopatia da prematuridade avançada e retinoblastoma, e também é possível identificar outras doenças como persistência da vasculatura fetal, inflamação ocular por infecção congênita (Storch) e opacidades congênitas da córnea”.
A oftalmologista orienta sobre a importância da periodicidade do teste: “A Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria, juntamente com a Sociedade Brasileira de Pediatria, fizeram uma diretriz orientando que o bebê tem que fazer o teste do reflexo do olhinho a cada três meses com o médico da família e comunidade ou com o pediatra. Para bebês prematuros, o acompanhamento é mais frequente, podendo incluir consultas semanais com um oftalmologista para realizar um exame mais detalhado”.
Apesar da eficácia do Teste do Olhinho, existem casos em que certas condições podem passar despercebidas. "Algumas alterações podem passar imperceptíveis no Teste do Olhinho, por isso, é crucial realizar consultas oftalmológicas periódicas, especialmente entre 6 e 12 meses de idade”, orienta Bruna. Os resultados do Teste do Olhinho são comunicados imediatamente aos pais e, em caso de alterações, é essencial encaminhar o bebê para um médico oftalmologista especializado o mais rápido possível para avaliação e tratamento.
Bruna enfatiza que identificar precocemente e tratar corretamente problemas oculares em recém-nascidos são fundamentais para assegurar o desenvolvimento visual e evitar complicações posteriores. “O diagnóstico precoce assegura a possibilidade de tratamento precoce e da reabilitação visual. Quanto mais cedo o início do tratamento, maior a chance de sucesso para que a criança consiga enxergar e evitar outras doenças associadas, como por exemplo, glaucoma, ambliopia, descolamento de retina”, afirma.