MEIO AMBIENTE
Água sulfurosa que brota em Goiás é famosa pelo ‘poder de cura’
Há pelo menos três teorias sobre a “descoberta” das propriedades medicinais da água da região, e todas remontam às décadas de 1920 e 1930.
18/06/2025, 09:15 -

- (Fama das águas sulfurosas correu e várias famílias se mudaram para região com objetivo de frequentar a nascente - Foto: Semad)
Na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Águas de São João, uma das 25 unidades de conservação administradas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), brota uma água sulfurosa que moradores da região acreditam ter poder curativo. A Arie fica em Águas de São João, um distrito do município de Goiás.
Há pelo menos três teorias sobre a “descoberta” das propriedades medicinais da água da região, e todas remontam às décadas de 1920 e 1930.
A primeira é a de que um frei viajante descobriu que brotava, de uma pedreira, uma “água cristalina, azulada, rodeada por uma lama sulfurosa, amassada pela frequência do gado do entorno, que no auge da canícula [período mais quente do ano] apresentava-se nutrido e liso” o que o fez crer que a água tinha poder medicinal.
A segunda teoria é a de que vivia ali um fazendeiro que sofria de lepra e que, por conta da enfermidade, foi isolado por amigos e familiares. Em isolamento para morrer, esse homem teria sido incomodado com as moscas varejeiras que pousavam sobre o corpo dele e rolado na lama a fim de diminuir a coceira. Graças às propriedades curativas da água, ele teria voltado a ser saudável e contado aos demais sobre o milagre.
A terceira teoria é a de que um viajante abandonou, ali na região, um cavalo que havia lhe servido de transporte e que estava ferido. Algum tempo depois, o homem teria voltado ao local e encontrado o animal são e forte.
Fato é que a fama das águas sulfurosas correu e várias famílias se mudaram para região com objetivo de frequentar a nascente. Ao redor do bebedouro formou-se, então, o povoado de Águas de São João. O distrito homônimo foi criado em 1968, com a implantação de uma estação telegráfica, uma escola e uma rodovia. Ele fica a 80km da cidade de Goiás.
Em 2021, a Semad elaborou um projeto com vistas a revitalizar as infraestruturas de uso público e gestão da Arie. As obras da primeira etapa, que contemplam a reestruturação da área de captação de água sulfurosa, da casa de banho, fonte e paisagismo, já se iniciaram e a previsão é de que sejam concluídas em julho de 2025.
Ocupação
A região onde se situa a Arie Águas de São João foi primeiramente habitada por povos indígenas, com predomínio dos pertencentes ao tronco linguístico Jê. Destacavam-se os Kayapó do Sul, os Akwen (Kraô, Xakriabá, Xavante, Xerente e Karajá); além dos AváCanoeiro do tronco Tupi-Guarani. O contato com os “brancos” se deu de forma conflitante e provocou a extinção de parte dos grupos, a redução de outros e aliança com alguns.
No início do século passado, a expansão de atividades agropastoris fez com que migrantes – sobretudo do Ceará e da Bahia – se instalassem nos arredores da nascente. A área onde hoje está localizada a vila, por exemplo, era uma fazenda denominada São João da Gurita. Ela integrava uma região denominada Piedade, onde a pecuária bovina era uma das principais atividades econômicas exercidas.
Dentro da unidade de conservação também se professa a fé e se pratica o turismo religioso. Na praça São João Batista, há a capela de São João Batista, que atrai visitantes de todo o país para celebração da tradicional festa de São João Batista no mês de julho. Em 2025 a festa ocorrerá no período de 11 a 20. Fato curioso é que apenas nesse evento se permite acender fogueiras no local – e em pontos pré-determinado. (Fonte: agenciacoradenoticias).